Nos últimos meses, uma nova tendência tem chamado a atenção nas redes sociais e se tornado símbolo de status entre celebridades: a ressonância de corpo inteiro como forma de check-up. Fotos de famosos e influenciadores sentados em frente a máquinas de ressonância magnética, vestindo uniformes especiais, começaram a se espalhar nas redes sociais, evidenciando a crescente popularidade desse exame.
Um dos exemplos mais notáveis foi a postagem de Kim Kardashian, que compartilhou sua experiência com a ressonância da Prenuvo, uma empresa que oferece esse exame por cerca de US$ 2.499. Em sua legenda, Kim enfatizou a capacidade dessa ressonância de detectar câncer e doenças como aneurismas em estágios iniciais, antes que os sintomas apareçam, afirmando que isso já havia salvo a vida de alguns de seus amigos.
A Prenuvo não está sozinha nesse mercado. Outras empresas, como Ezra, simonONE e Neko Health, também oferecem exames semelhantes. Algumas delas oferecem exames gratuitos para influenciadores e personalidades da indústria do bem-estar em troca de avaliações honestas.
Apesar do entusiasmo em torno desses exames, especialistas alertam que a realização da ressonância de corpo inteiro como check-up pode não ser tão benéfica quanto parece. O Colégio Americano de Radiologia declarou que não há evidências de que esse tipo de exame seja rentável ou eficaz na prolongação da vida. Além disso, preocupações foram levantadas sobre descobertas inespecíficas que podem resultar em testes adicionais caros e extensos.
Um estudo de 2019 revelou que a ressonância de corpo inteiro detectou anormalidades clinicamente relevantes em cerca de 32% das pessoas sem sintomas de doença. No entanto, não ficou claro se essas anormalidades teriam evoluído para doenças graves.
A ressonância magnética é uma ferramenta poderosa para avaliar cartilagens, músculos e órgãos, mas seu uso como check-up geral pode levar a descobertas que demandam mais investigação, causando ansiedade e aumentando os custos para o paciente.
A ressonância de corpo inteiro pode ser especialmente útil para análises específicas do sistema ósseo e músculo-esquelético, além de identificar metástases ósseas em pacientes com câncer de pulmão. Suas indicações incluem casos de suspeita de câncer, síndromes genéticas predisponentes ao câncer, entre outros.
No entanto, seu uso generalizado como um check-up ainda é questionável. Não apenas pode resultar em descobertas benignas que geram ansiedade e gastos desnecessários, mas também pode expor os pacientes a testes adicionais e radiação.
Em resumo, embora a ressonância de corpo inteiro tenha seu lugar na medicina, sua aplicação como um check-up geral deve ser cuidadosamente considerada e baseada em orientação médica específica. Prevenir é importante, mas a prevenção adequada depende de abordagens médicas bem fundamentadas e personalizadas. Portanto, antes de embarcar nessa tendência, consulte seu médico. Afinal, a saúde é um bem precioso que merece cuidado e atenção cuidadosos.
